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Vermelho aglutinante (série Derivas do corpo-cor amorfo)
2021

Intervenção urbana performática, Porto Alegre/RS

Dimensões variáveis

Fotografia e registros: Ingrid Bellenzier

Edição: Rodrigo Onzi

Fonte: Acervo pessoal da artista (2021)

Vermelho aglutinante ocorreu no dia 29 de maio de 2021, em meio a um cenário político, social e cultural bastante importante no Brasil. Próximo à Esquina Democrática, em Porto Alegre, o corpo-cor amorfo foi desenrolado e carregado sobre ombros e braços. Sobre os corpos, pendia formando elos. Naquele ambiente, o corpo-cor amorfo parecia ser a única bandeira levantada sem conter nada por escrito. E seria necessário? A ausência de palavras ou frases diretas deixou uma lacuna que se auto completou naquele momento. O quanto a cor comunica? O quanto a cor é capaz de ativar diferentes pensamentos em diferentes lugares, tempos e espaços? E em relação a diferentes grupos de pessoas?

O corpo-cor amorfo se comportou alinhado com o ritmo da manifestação, formando ondas, sulcos, cristas e vales, vibrando e criando composições estéticas, ligando um corpo a outro. Elos compondo ao lado de bandeiras que carregavam emoção, motivação, força, raiva, tristeza, esperança, desejo, memória e arrepio na pele. Esparramado no sentido de cortar a multidão e, por vezes, espichado na mesma direção que as pessoas caminhavam, conduzia os corpos. Provocou afastamentos e aproximações, forçou um deslocamento por um lado oposto, um desvio ou uma espera. A matéria vermelha arrastou-se pelas vias, passou por cima de carros e antenas, sobrevoou as cabeças das pessoas, levou consigo tudo que vinha atrás e na frente. Flutuou com a força do vento, incorporou diferentes formas, expandiu-se. Vertical, horizontal; ondas. Por alguns momentos, atuou como uma espécie de divisor do grupo – apesar de que não dividia, unia. Outros momentos, conduziu parte da massa. Barreira e caminho. O tecido, que se entremeou em tantas estruturas rijas da cidade, naquele momento deslizava por uma maré de gentes, uma maré orgânica, viva, intensa. Uma maré, digamos, predominantemente avermelhada. Parece que o corpo-cor vermelho havia encontrado o seu coletivo.

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